
Inibição
Vou cantar uma cantiga,
Vou cantar – e me detenho:
Porque sempre alguma coisa
Minha voz está prendendo.
Pergunto à secreta Música
Por que falha o meu desejo,
Por que a voz é proibida
Ao gosto do meu intento.
E em perguntar me resigno,
Me submeto e me convenço.
Será tardia, a cantiga?
Ou ainda não será tempo...
Cecília Meireles
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